JORNAL TRIBUNA AMAPAENSE -
A
situação penitenciária no Brasil todo é difícil, e isso não é uma
questão recente. Várias vezes já foram discutidas propostas para tentar
solucionar ou pelo menos amenizar grandes problemas que atormentam a
sociedade carcerária e até mesmo a sociedade civil que sofre com as
consequências.
No
Amapá não é diferente: a superlotação dos pavilhões do Instituto de
Administração Penitenciária (Iapen) é um dos casos preocupantes que
provoca consequências como a degradação das celas de detenção, e alarmes
de rebeliões.
Há
muitas reclamações da situação do Iapen, seja dos detentos ou dos
agentes penitenciários que ali convivem. Problemas como a falta de
saneamento básico, transforma-se em um odor incômodo para quem fica ou
passa por ali; assim como também a estrutura desgastada, a ainda falta
de recurso bélico de combate, dentre outros.
Os números
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Centro de custódia do Oiapoque |
Os
Centros de Custódia Especial possuem os seguintes números: a unidade
Zerão, recentemente inaugurada, para detentos servidores da Justiça, da
Segurança do Estado e políticos, tem 40 vagas e, por enquanto, 9 presos
instalados; na unidade Oiapoque há 18 detentos para as 45 vagas; e a
unidade Novo Horizonte, para presidiários que não pagaram a pensão
alimentícia, possui 14 internos.
Inaugurações
Estão previstas entregas de novas unidades para desafogar a superlotação do Instituto.
Mais
um Anexo - Anexo 2 - para reclusos na situação de semi-aberto, com 270
vagas, com previsão de inauguração para Novembro de 2012. O novo
Presídio de Segurança Máxima com 170 vagas, está com previsão apenas
para o ano que vem. Estas duas instalações também no complexo
penitenciário da zona Oeste de Macapá.
Alexandro Soares, presidente do Sinapen |
Na
última quarta-feira (05), foram entregues armamentos, munições como forma de amenizar a situação precária de combate
interno. Para Alexandro Soares, do Sindicato dos Agentes Penitenciários
do Amapá (Sinapen), os novos armamentos não vão solucionar todos os
problemas e nem serão suficientes para todos os agentes penitenciários,
mas já é um bom sinal de que, pelo menos, novos equipamentos foram
adquiridos.
Diretor do IAPEN, Nixon Kenedy |
O
diretor do Iapen, Nixon Kennedy, afirma que a situação da penitenciária
realmente é difícil, mas garante que as novas unidades ajudarão no
combate contra a superlotação. "A superlotação dificulta o trabalho do
sistema penal, de vigilância, contenção e segurança, mas também,
sobretudo, a assistência e o atendimento penal, de serviços como saúde,
educação, assistência social e psicológica. As instalações estão
inadequadas", disse. Ele ainda lembra que a população carcerária chega a
um aumento de 8% anual, o que dificulta colocar em prática os processos
de ampliação e oferecer um sistema humano.
Segundo
dados do Ministério da Justiça, do final do ano passado, o Amapá ficou
em 5º lugar entre os Estados que possuem mais presos por vagas. Em
média, chega a ser 2,15 detentos para cada vaga existente. Provando que a
situação prisional precisa melhorar, disponibilizando formas de
detenção mais humanas.
As
novas vagas disponibilizadas assim serão contabilizadas para solucionar
o sobrecarregamento da quantidade de detentos e de certas situações já
citadas nesta reportagem.
Mais uma dor de cabeça para o Iapen
Além
de todas essas situações, há também a norma determinada pela Lei de
Execução Penal, no Art. 90: "A penitenciária de homens será construída,
em local afastado do centro urbano, à distância que não restrinja a
visitação". Isso mesmo, os presídios devem estar instalados ou
construídos fora de áreas urbanas.
Macapá
foi crescendo tão rapidamente, que os bairros Cabralzinho e Marabaixo
já estão ali por perto, e hoje sofrem constantemente com a insegurança
da possibilidade de rebeliões e fugas. Assim, parece que a determinação
judicial não foi levada em conta, porém aquela região era distante da
cidade, "era".
Com
base na norma jurídica, qualquer morador pode questionar a presença do
Iapen ali ao redor, em área urbana, visto que traz danos visíveis à
sociedade. "O proprietário ou o possuidor de um prédio tem o direito de
fazer cessar as interferências prejudiciais à segurança, ao sossego e à
saúde dos que o habitam, provocadas pela utilização de propriedade
vizinha", assim afirma o Artigo 1.277 do Código Civil.
Os
problemas existentes no Iapen e ao redor dele existem desde o início do
funcionamento do Instituto. Há alternativas boas para a solução destes
problemas, mas falta atitudes positivas à esse respeito.
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