domingo, 27 de novembro de 2011

As facções criminosas que dominam as entranhas do crime dentro do IAPEN


A FALÊNCIA DO SISTEMA PENITENCIÁRIO
  

A FALÊNCIA DO SISTEMA PENITENCIÁRIO O alto muro do Instituto de Administração Penitenciária do Amapá – IAPEN esconde uma verdadeira bomba armada para explodir a qualquer momento, a situação caótica da segurança interna e externa, aliada as péssimas condições de alojamento dos detentos torna a cadeia amapaense o “Inferno do meio do mundo”. Apesar de a nova administração tentar encobrir problemas crônicos da penitenciária, é impossível tapa o sol com peneira. Além dos problemas de infra-estrutura que colocam em risco a vida de servidores e policiais, o local é impróprio para habitação humana. Isto foi denunciado num relatório da Vara de execuções Penais, assinado pelo juiz Reginaldo Andrade. No mesmo documento, o magistrado enfatizou que as condições de segurança eram falhas e necessitavam de investimento e principalmente pessoal. Em entrevista o presidente do Sindicato dos Agentes Penitenciários do Amapá, Alexandro Soares afirmou que o sistema é precário. Uma estatística mundial revelou que as profissões de agente e educador penitenciários são as mais estressantes do mundo e causam doenças psíquicas em curto espaço de tempo, devido a pressão que o profissional é submetido. Crime Organizado É praxe em toda cadeia uma facção criminosa dominar as entranhas do crime dentro do presídio, aqui no Amapá não é diferente, existem duas facções que lutam para liderar o tráfico de drogas, a entrada de produtos proibidos como; celulares, armas, comida e até negociação com prostitutas. Uma com internos oriundos do município de Laranjal e Vitória do Jari, Oiapoque e Santana. A outra é formada e liderada por detentos amapaenses, maranhenses e membros de quadrilhas de assaltantes de outros estados. Esses internos são bandidos de alta periculosidade, latrocidas, assassinos, assaltantes e traficantes. Eles recrutam os demais membros em pavilhões diferentes para espalhar os tentáculos da organização por toda cadeia. Por último, são recrutados dentro do sistema os facilitadores que passam a integrar o crime organizado em troca de dinheiro. Só para se ter idéia, o comandante de uma das facções autoriza a morte de alguém fora da penitenciária, neste momento se forma a rede para recrutar o assassino e identificar o alvo, caso o fato não seja consumado, os mandantes utilizam o código da cadeia, o infrator ou cagoeta paga com a própria vida. Segundo informações, existe um caderno caixa onde todas as despesas e receitas são anotadas, este documento passa de mão em mão durante 24h para não ser apreendido pela policia ou pelos próprios agentes do sistema. Nos últimos meses a nova gestão do IAPEN conseguiu apreender centenas de celulares, estoques, armas e drogas com a ajuda do Batalhão de Operações Especias-BOPE. Mesmo assim, ainda existem formas secretas e facilitadores que continuam passando este tipo de produto para dentro do presídio. Hoje, os internos considerados calouros são obrigados a pagar pela segurança, os familiares levam dinheiro e comida para que o interno não sofra qualquer ameaça. A pressão é tanta aos mais fracos e novatos que chega ao cumulo do interno ser obrigado a oferecer a mulher ou irmã para satisfazer sexualmente os chefes das organizações. O mesmo acontece com quem deve aos traficantes, neste caso a família sofre duros golpes dos criminosos. Nossa reportagem conseguiu entrevistar dois detentos, um deles faz parte de uma das facções criminosas. Vamos chamá-lo de Homem X. “O sistema está viciado, existem bandidos de ambos os lados, uns que torcem pelo aumento da criminalidade e outros que ajudam e facilitam este crescimento. Os que combatem são poucos. A nova gestão é bem intencionada, ta ligado, mas, já existe gente da 1ºCV(Primeiro Comando Vermelho) e GDA(Gangue da Ponte) infiltrados e isso atrapalha o projeto de reeducação dos presos, sacou! Porém, o que deixa a malandragem com mais ódio e desejo de vingança são as condições desumanas, as celas são mais parecidas com chiqueiros, a comida, nem cachorro come. Eu mermo, já pensei em me matar, ta ligado, as vezes a pressão é tanta que alguns não agüentam e parte para o confronto e acabam morrendo, agora não, eu tenho proteção dos cabeças, ninguém mexe comigo.
AqAp – Como você foi recrutado para uma das facções?
Homem X – Eu topei uma parada de responsa, ai os caras botaram fé no malandro!
AqAp – Quem são os cabeças que você citou?
Homem X – Se liga doido! Cagoeta dentro da cadeia morre!
AqAp – E quem distribui droga no IAPEN?
Homem X – Eu sou avião, o chefe ninguém sabe, de repente ele ta lá fora, ta ligado!
AqAp – Quando você vai sair daqui?
Homem X – Depois que eu entrei no CV, aqui é melhor que a casa dos meus velhos, ta ligado! Proteção, nóia e trocado, o resto é alegria Mané!
Apesar das dificuldades e das tentativas em acerta no controle da instituição, a nova gestão do delegado Nixon Kenedy já deu resultados positivos, o número de mortes dentro do IAPEN diminuiu em 2011, entretanto, as fugas aumentaram. Segundo o próprio diretor, essas deficiências serão corrigidas após a descentralização do sistema com a inauguração da Casa de Custódia em Oiapoque e do Mini presídio em Laranjal do Jari, além do anexo do IAPEN que está em execução. Hoje, o IAPEN possui 2000 internos e um efetivo de servidores de 328 agentes e 54 educadores penitenciários .

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