quinta-feira, 24 de novembro de 2011

Agentes penitenciários chamam atenção para a falta de segurança da classe


JORNAL AGAZETA

Os profissionais afirmam que vivem sob constantes ameaças por parte de facções criminosas que há dentro da penitenciária.
Um vídeo postado no último dia 22 no site do Sindicato dos Agentes e Educadores Penitenciários do Amapá, tenta chamar a atenção das autoridades locais para a falta de segurança que a classe enfrenta. A gravação que foi feita no Estado do Acre, mostra um desses profissionais que ficou com graves sequelas após ser violentamente espancado durante uma rebelião.
Segundo o presidente do sindicato amapaense, Alexandro Soares, fato semelhante à ação criminosa ocorrida em Rio Branco contra o agente penitenciário, já aconteceu em Macapá nos anos de 2001, 2003 e 2004, quando internos deixaram vários trabalhadores feridos na ocasião em que faziam um motim. Alguns deles com problemas psicológicos até hoje. “Diariamente sofremos ameaças por parte de facções criminosas que existe sim dentro do Instituto de Administração Penitenciária. Alguns de nossos colegas só conseguem dormir se for a base de medicamentos. Outros ficam tão abalados que acabam sofrendo de depressão e tendo problemas com o álcool. Portanto, esse vídeo se aproxima muito da nossa realidade e queremos com isso chamar a atenção do diretor do Iapen, do governo do Estado, e das demais autoridades”, disse Soares.
Ainda de acordo com o presidente, nenhum desses profissionais é assistido pelo governo do Estado, no que diz respeito a atendimento psicológico e social. “Somente este ano, nós já tivemos quatro agentes feridos por apenados. Dois deles receberam pauladas na cabeça. Um teve o braço quebrado e outro por pouco não foi morto a golpes de estoque. Já foi feita uma solicitação ao secretário de segurança, Marcos Roberto, para que fosse feito um convênio entre a Secretaria de Segurança e Justiça e a Secretaria de Saúde, para fazer constantemente avaliação psicológica nessas pessoas, mas até o momento não obtivemos nenhuma respostas”, questionou Alexandro.
Soares também disse que há um ano os agentes e educadores penitenciários não recebem o auxílio fardamento. E que algumas gratificações como licença e férias, estão sendo cortadas dos trabalhadores. “Todo esse tempo somos nós que estamos comprando nossos uniformes. Além do mais, até o momento a administração do presídio não cumpriu com o acordado no início do ano, em nos dar mais condições de trabalhos. Nós não possuímos material adequado de segurança. Foi prometida a aquisição de equipamentos de proteção como armamentos letais e não letais, coletes e escudos balísticos. Mas até agora nada saiu do papel. E ainda estão preocupados em inaugurar mais pavilhões? Como querem fazer isso se nosso efetivo não supre a demanda da população carcerária? Temos aí 33 educadores que passaram no concurso público. Já fizeram o teste de Aptidão Física e o Curso de Formação, mas nem temos previsão de quando serão nomeados”, protestou ele.
O presidente garantiu que se até o final deste ano as reivindicações e promessas não forem cumpridas, o sindicato deve para as atividades. “Só no ano passado apreendemos 16 armas de fogo que de forma ilícita vão parar em poder dos presos. Este ano já foram três. Isso significa que eles estão mais estruturados que a gente, e nós corremos risco. Não podemos ficar a mercê deles. Já temos uma liminar assinada pelo procurador de Justiça Jair Quintas, que torna legal nossa greve. No entanto, uma paralisação neste momento de nada adiantaria. Pois com os recessos de final de ano, não conseguiríamos nosso objetivo que é chamar a atenção das autoridades. Mas se até janeiro nós não formos atendidos, aí sim a nossa classe vai parar”, prometeu Soares.
Atualmente 328 agentes e 54 educadores penitenciários fazem parte do sindicato. Entretanto, deste número, apenas 257 agentes e 30 educadores estão em atividades. Os demais se encontram de licença médica, férias, ou à disposição de outras repartições públicas.

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