CÂMERAS PIRATAS EM PRESÍDIO DE SEGURANÇA MÁXIMA

Uma das suspeitas é de que as câmeras de monitoramento
interno e externo dos presídios, um dos principais instrumentos de vigilância,
são produtos contrabandeados do Paraguai para o Brasil e não teriam comprovação
de origem, ou seja, seriam piratas. As imagens captadas pelas câmeras são de
péssima qualidade, e mais da metade delas não funciona. As falhas comprometem a
segurança inclusive dos agentes federais encarregados da vigilância. Nos dois
presídios está boa parte dos bandidos mais perigosos do país, muitos deles
ligados a facções do crime organizado do Rio de Janeiro e de São Paulo.
- As câmeras são muito ruins. Os microfones também. Precisam
ser substituídos - disse o ex-diretor da penitenciária de Catanduvas Rogério
Sales.
O ex-diretor deixou o cargo no mês passado depois de alertar
o Ministério da Justiça sobre o caráter explosivo das falhas constatadas na
vigilância do presídio. Segundo Sales, o perfeito funcionamento das câmeras é
essencial para evitar eventuais fugas, rebeliões e até para assegurar a livre
movimentação dos agentes dentro do presídio. As falhas foram apontadas por
agentes penitenciários e confirmadas em apuração do Ministério Público e da
Seção de Execução Penal de Catanduvas.

Numa operação conduzida por Alexandre Cabana, o Depen
contratou a empresa Segurança e Vigilância Patrimonial (CSP) para instalar a
plataforma de inteligência nos presídios de Catanduvas e de Campo Grande. A
partir do contrato de aproximadamente R$ 6 milhões, o departamento comprou mais
câmeras que o necessário e equipamentos de qualidade duvidosa. Há a suspeita de
que câmeras e microfones tenham sido comprados no Paraguai por R$ 600 mil.
A empresa ainda teria apresentado atestado falso de
capacidade técnica. O Depen também não fez ampla pesquisa de preços antes da
contratação da CSP, uma pequena empresa que só cresceu nos últimos anos depois
de uma associação com a Bosch para a instalação de equipamentos de segurança
nos outros dois presídios federais, um em Mossoró e outro em Porto Velho.
Apesar dos problemas, o Depen ainda fez um aditivo para aumentar o valor inicial
do contrato em mais de R$ 700 mil.
Alexandre Cabana deixou o ministério em 9 de dezembro
passado. A assessoria de imprensa do Ministério da Justiça disse que o processo
é sigiloso e que não poderia "confirmar a investigação" sobre
supostas irregularidades nos presídios federais e nem revelar nomes de
eventuais investigados. Cabana é agente da Polícia Federal e deve voltar ao
órgão de origem.
Fonte:
- JAILTON DE CARVALHO - o globo, 12/01/12 - 23h03
- JAILTON DE CARVALHO - o globo, 12/01/12 - 23h03
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