Iapen: falta de estrutura e pessoal permite mais uma fuga
A
facilidade e rapidez com que um buraco de menos de 60 centímetros de diâmetro
foi feito na lateral oeste do muro do Instituto de Administração Penitenciária
(Iapen) mostra o quanto o sistema prisional amapaense está longe de ser seguro.
A passagem para a ilegal liberdade foi improvisada em apenas alguns minutos. Os
detentos perfuraram um buraco de 14 centímetros de espessura, usando uma
ferramenta nada convencional, feita com pedaços de ferros velhos, tirados de
paredes velhas.
A fuga
ocorreu ontem (30), no horário do banho de sol. Às 9h, pouco mais de 800 presos
de quatro pavilhões saíram das celas. Às 9h15, foi efetuado o primeiro disparo
de alerta. O tiro foi dado logo depois que o 12º detento passou pelo buraco –
aberto entre as guaritas G-4 e G-5. A ação rápida do Grupo Tático Prisional,
equipe composta por agentes penitenciários, e também de Agente penitenciário do
Plantão do dia, garantiu a recaptura de dois fugitivos. Até as 16h de ontem, os
outros ainda estavam sendo procurados.
A fuga voltou a evidenciar a fraca segurança da penitenciária amapaense. O muro foi construído há mais de 20 anos. A estrutura e resistência dele já estão enfraquecidas pela ação do tempo. Além disso, não há pessoal suficiente para inibir as tentativas dos presos. Quem aponta as deficiências é o presidente do Sindicato dos Agentes Penitenciários (Sinapen), Alexandro Soares. De acordo com ele, o plantão de ontem contava com apenas 13 agentes penitenciários. Desses, 4 estavam fazendo traslado ou escolta de condenados, os demais foram distribuídos nos pavilhões, o que resultou em um agente por pavilhão, que, em média, abriga 227 detentos. “Desse jeito não há como fazer nenhuma contenção”, reforçou Soares.
Segundo ele, atualmente a população carcerária está em mais de 100 presos para cada grupo de 5 agentes penitenciários, quando a legislação manda que esta proporção seja de 5 detentos por agente. Outro grave problema ressaltado pelo presidente do Sinapen é a falta de equipamentos. Os agentes só têm sete armas – uma escopeta calibre 12 e sete revólveres 38 – para controlar todo o complexo que é conhecido como “cadeião”, onde estão 1.600 homens. Para esta quantidade de presos seriam necessários, no mínimo, 10 cartucheiras calibre 12 e 20 pistolas. “Também não temos coletes nem escudos balísticos”,
DESENVOLVIDO POR ALERRANDRO I. LOBATO
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