A tentativa de assalto ocorrida na madrugada de
ontem (25), quando uma família foi feita refém, confirmou o que as
investigações policiais suspeitavam, mas ainda não havia conseguido provar:
chefões do crime presos no Instituto de Administração Penitenciária (Iapen)
estão em pleno contato com bandidos fora da cadeia e, lá de dentro, ordenam
roubos, furtos e outros delitos.
A ação encomendada do interior do presídio - a
11ª desta natureza neste ano - iniciou por volta de 2h40, quando a vítima, um
batedor de açaí, chegava a sua casa após comprar sacas do produto para seu
estabelecimento. Marcos Andrei de Souza, de 30 anos, e Miguel Ângelo
Gonçalves Pereira, de 39, cada um armado com um revólver calibre 38, renderam
o trabalhador e o levaram para dentro de sua residência, localizada na
Avenida Cora de Carvalho, no bairro Santa Rita - Zona Sul de Macapá. Lá, os
criminosos também dominaram a esposa e os três filhos do casal.
Os bandidos procuravam dinheiro no imóvel quando
um dos filhos da vítima conseguiu se esconder em um quarto e ligou para a
polícia. Equipes do Batalhão Especializado de Rádio Patrulhamento Motorizado
(BRPM) e do Batalhão de Operações Especiais (Bope) cercaram o local. Os
assaltantes ameaçavam matar as vítimas caso os militares não cedessem às suas
exigências, como a presença da imprensa, de advogados e de um juiz de
Direito. Após uma hora de negociações, os bandidos resolveram se entregar.
Na delegacia, uma das vítimas informou que durante toda a ação criminosa Miguel Ângelo se comunicava pelo telefone celular com um comparsa. Ele recebia instruções de como perguntar sobre a localização de dinheiro e como lidar com os policiais que haviam cercado a casa. O homem ao outro lado da linha foi identificado como Marcelo Felipe Lima Quaresma, que está preso no Iapen, cumprindo pena por roubo. Miguel Ângelo e Marcos Andrei acabaram delatando que Quaresma seria o mentor intelectual do roubo. Ele teria passado - durante telefonemas feitos de dentro da penitenciária - informações sobre a rotina do batedor de açaí.
Marcos Andrei e Miguel Ângelo, que estava
foragido da penitenciária estadual do Pará, em Belém, foram atuados em
flagrante por tentativa de roubo, porte ilegal de arma de fogo e cárcere
privado. Depois dos procedimentos legais, os dois bandidos foram transferidos
para a companhia do seu "patrão", Quaresma.
Na manhã de ontem, um dos policiais que atendeu à
ocorrência - e pediu para não ser identificado - ponderou à reportagem de a
Gazeta que, mais que a existência de uma organização criminosa com
funcionamento instalado no Iapen, o episódio da madrugada de terça também
expõe que a inteligência da Segurança Pública no Amapá não está conseguindo
acompanhar a coordenação, o planejamento e - muito menos antecipar - os
ataques de criminosos que, mesmo encarcerados, têm acesso a informações que
os colocam sempre um passo à frente das autoridades policiais.
(com informações de Elen Costa) agazeta
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