Presos preparavam ataques no Paraná
Detentos transferidos ontem para presídios
federais seriam líderes de facção criminosa e há duas semanas tinham
suas ações monitoradas
Publicado em 21/03/2013 | Diego Ribeiro - Fonte: http://www.gazetadopovo.com.br/vidaecidadania/conteudo.phtml?id=1355590&tit=Presos-preparavam-ataques-no-Parana
Trinta
e oito detentos do Paraná foram transferidos ontem para presídios
federais do Rio Grande do Norte e de Rondônia em uma operação preventiva
para evitar ataques criminosos como os ocorridos em Santa Catarina no
começo deste ano. Os presos seriam membros de uma facção do crime
organizado e, nas últimas semanas, estariam preparando ações articuladas
para desafiar o poder público no Paraná. O próprio governador Beto
Richa admitiu preocupação com a possibilidade de atentados. “Nós
detectamos de forma prematura, logo que se iniciaram os primeiros
movimentos”, disse Richa na manhã de ontem, em um evento da montadora
Renault.
Há duas semanas, um grupo de trabalho que envolve a
Polícia Federal e a Secretaria de Segurança Pública do Paraná (Sesp)
começou a acompanhar de forma mais intensa movimentações nas
penitenciárias do estado. Assim que foram detectados sinais de que
poderiam ocorrer ações a mando de uma facção, o grupo iniciou o processo
para pedir a transferência dos presos – vários estavam em unidades
prisionais do interior, como Foz do Iguaçu, Londrina e Maringá. Nas
últimas semanas, o grupo de trabalho concentrou os presos em uma ala da
Penitenciária Estadual de Piraquara I (PEP I) para controlar de forma
mais direta os principais suspeitos. Quando o grupo achou prudente
transferi-los, Richa telefonou para o ministro da Justiça, José Eduardo
Cardozo, e pediu um avião da Força Aérea Brasileira (FAB). Vinte dos
presos foram para o presídio federal de segurança máxima de Mossoró (RN)
e os outros 18 foram para Porto Velho (RO).
Revista
Celulares, bilhetes e contabilidade do tráfico estavam nas celasPatrícia Pereira
Três celulares e vários bilhetes contendo informações sobre ordens a seguir foram encontrados nas celas em que estavam os presos transferidos. Livros de contabilidade do tráfico também estavam no local. Durante a tarde de ontem, outras unidades de Piraquara seriam revistadas pela Polícia Militar.
Alguns delegados da Polícia Civil confirmaram que foi feito um alerta informal para os policiais redobrarem os cuidados. Segundo um dos delegados, o objetivo foi tentar prevenir qualquer ataque a delegacias no estado.
Outras ações
Segundo o secretário da Segurança Pública, Cid Vasques, a Polícia
Militar tem realizado um trabalho ostensivo mais intenso e a Polícia
Civil está trabalhando de forma dobrada.
“É um tipo de ação criminosa que surpreende a todos. Tem que
estabelecer toda e qualquer estratégia de prevenção”, declarou Vasques.
De acordo com ele, o Paraná ainda permanece em alerta. Alguns eventos
suspeitos têm recebido atenção especial, como os assassinatos de dois
agentes penitenciários, rebeliões e ônibus incendiados. O grupo de
trabalho integrado tem investigado cada caso para descobrir se há
conexão com facções criminosas. “Estamos conseguindo separar com muita
clareza o que pode ser vandalismo e o que, eventualmente, não seja”,
disse Vasques.
* * * * * *
Casos
Fatos suspeitos ocorridos nas últimas semanas no Paraná serão investigados:
• Curitiba
13 de março – o agente penitenciário Valdeci Gonçalves, de 35 anos, foi assassinado à noite com 11 tiros, em Curitiba.
14 de março – seis biarticulados foram incendiados
em uma garagem da empresa Expresso Azul, em Pinhais. Dois suspeitos
foram detidos pela Polícia Militar.
• Maringá
14 e 15 de março – presos da 9ª Subdivisão de Polícia Civil de Maringá iniciaram rebelião que durou 13 horas.
• Londrina
14 e 15 de março – uma operação de vistoria nas
celas da Penitenciária Estadual de Londrina teria gerado tumulto no
local. Houve tentativa de rebelião, contornada por policiais militares.
17 de março – um micro-ônibus da empresa Transportes Coletivos Grande Londrina foi incendiado. A Sesp classifica o caso como ação isolada.
• Cambará
17 de março – um destacamento da PM foi alvo de tiros.
• Piraquara
17 de março – 23 fugiram da Colônia Penal Agrícola em Piraquara, na Região Metropolitana de Curitiba.
18 de março – o agente Wilmar da Silva, de 47 anos, foi assassinado quando chegava em casa, em Curitiba.
• Arapongas
18 de março – presos participaram de um motim dentro
da cadeia pública de Arapongas. A rebelião teria ocorrido em razão da
qualidade ruim da comida.
19 de março – um ônibus do transporte coletivo foi incendiado e uma base da Guarda Municipal, alvejada por tiros.
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